sábado, 23 de fevereiro de 2008

Cesário verde - e os crisântemos do meu jardim


Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela;
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem posturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde (1855-1886)

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Carta de amor (dedicado à minha mulher com amor)

Nem a tristeza
Me pesa
Se te encontras a meu lado
Mas onde estás, minha linda
Que te não vi hoje ainda?...
Por onde é que tens andado?
Onde foste
Que assim nada há que eu goste,
De mim próprio separado?
Valha-te Deus, não me deixes!
Se me deixas, não te queixes
Do mal que tenhas causado.
Bem sabes que é noite o dia
Que estou de ti apartado
E a noite negra alumia
Quando estamos lado a lado.
Que o meu corpo nem é meu
Se do teu
Se vê cortado.
Que tu sem mim,
Sem ti eu
Mentimos ambos ao Fado.
Que o mundo é isto: nós dois,
Peito com peito
Somado.
E venha a morte depois,
Que o calor do nosso leito
Será mais forte
Que a morte!
Será vida em duplicado!
Da autoria do poeta José Régio(1901-1969)Extraída do livro póstumo "Música Ligeira"(1970)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Os homens afinal

Entro na livraria e abro um livro. Supostamente é um livro para ensinar as mulheres a lidarem com os homens ….. ou para as ensinar a escolher um homem. Blargh ! Este tipo de livros tem uma mensagem implícita. “Isto é o que, nós mulheres, pensamos sobre vocês, homens.” Parece-me instrutivo folhear o livro. A minha incapacidade para fazer o amor durar talvez se deva a conhecer mal como as mulheres pensam ou até – que raio pensam elas de nós homens.

A páginas tantas o livro “diz” qualquer coisa parecida com isto:

“Menina, convença-se que há por aí algures um homem a desejar ardentemente dormir consigo”

Imagino logo uma mulher ridiculamente pouco desejável a ler isto e a achar que é verdade.
Eu tenho que desmentir isto penso. Estas são as palavras de uma mulher a querer encorajar outra e a querer que a(s) mulher(es) que ler(em) isto suba um bocadinho a auto estima.

Não ! Não, não, não, não. Mil trezentas e vinte cinco vezes não ! Ó miúda, não há homem nenhum neste mundo que queira dormir contigo, se não fores gira, não há mesmo ! Desculpa mas o mundo é mesmo assim.

Os homens querem uma mulher linda de morrer. “com tudo desenhado a compasso, régua e esquadro”. Se não puder ser contentam-se com um bocadinho menos. E um bocadinho menos – aprendam comigo, pois só vou dizer isto uma vez - é o seguinte:

Para que um homem queira uma mulher ela tem que saber mexer-se, ter um gesto sedutor, estar produzida, ter tido cuidado consigo antes de sair à rua.
Tem que ter um sorriso acolhedor como os pastéis de massa tenra do FrutAlmeidas.
Para que uma mulher seja sedutora e desejada tem que pensar como uma mulher sedutora e desejada.

Irra ! Aprendam isso de uma vez. Não ! Os homens não gostam de gordas, Os homens não gostam de mulheres mal feitas. Os homens procuram uma mulher muito bem arranjada. Sempre !
E não ! Ninguém vai querer dormir consigo se não cumprir os mínimos …. Por muito que as revistas femininas digam o contrário.

Got me ?

Novembro de 2005
Jaime Roriz

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Vintecinco dAbril sempre

Andam por aí a querer fazer-nos acreditar que o 25 dabril foi o maior engano que fizeram aos portugueses. Que nos prometeram uma coisa e que nos deram outra. Que antes do 25 dabril não havia gestores a ganhar 137 000 Eur por mês à custa de uma propriedade que é do domínio público - as estradas - e que nessa altura toda a gente era pobre até os ricos eram pobres.
Porém, não posso deixar de dizer que é uma verdade que o 25 dabril não nos deu aquilo que esperávamos e que afinal antes do 25 dabril haviam coisas melhores do que hoje. Eu lembro-me, eu tinha 15 anos e lembro-me de muitas coisas de antes do 25 dabril. Antes do 25 dabril muitas pessoas que eu amava ainda não tinham morrido. Mas o 25 dabril não tem culpa disso, a culpa é da inexorável passagem do tempo. Antes do 25 dabril eu tinha sempre quem tomasse decisões por mim e agora não tenho .... Errr estava a esquecer-me que o 25 dabril não foi feito para mim e que o ponto de vista pessoal não interessa. Pronto(s)! A justiça. Não se falava da justiça antes do 25 dabril. Por isso posso presumir que ninguém se ralava nada com a morosidade da justiça nem com a (in)justiça em si. Estava tudo bem. Agora queixam-se do excesso legislativo e sempre que um qualquer tribunal toma uma decisão levanta-se um coro de protestos daqueles cujos interesses foram prejudicados. Relembro Santo Agostinho "o direito destina-se a dar a cada um o que é seu" ou dito de outra forma trata-se apenas de uma questão de interesses. Se um interesse é garantido o outro é prejudicado. Sem querer teorizar sobre o direito nem sobre a justiça. Parece-me saudável que haja esse tal coro de protestos. Só significa que se está a fazer alguma coisa. Por isso algumas pessoas reclamam.
É verdade que o 25 dabril não veio reduzir as assimetrias sociais. Cada vez há mais gente que não vale nada a receber fortunas por fazer coisa nenhuma. Estou convicto que antes do 25 dabril isso não acontecia. É um sinal dos tempos, uma importação so "show biz" americano, um problema na verdade que o salazar nunca teria deixado entrar em portugal. Se continuarmos vamos encontrar muitos erros no que sucedeu antes e depois do 25 dabril.
Porém o mais estranho é que os ideais do 25 dabril foram alterado/modificados/gorados por quem estava mais à direita e é "pela mão" dessas pessoas e instituições que o 25 dabril deixa de cumprir aquilo que todos pensávamos poder ser cumprido. Então deixa ver se eu consigo colocar isto em termos muito simples.
Fizemos o 25 dabril
Falámos todos de liberdade e de justiça
Algumas pessoas mudaram esses ideais e mudaram o rumo desses acontecimentos
Essas pessoas têm nome (Mário Soares, Sá Carneiro, Cavaco Silva, grupo dos 9, e a maior parte da direita que esteve no governo depois do VI Governo provisório)
Agora essas pessoas vêm dizer-nos que o 25 dabril foi uma fraude.
Pois foi.
Eles não deixaram que os nossos ideais fossem cumpridos.
Resumindo tinhamos um objectivo e aqueles que não deixaram que o objectivo fosse cumprido é que se queixam de "o nosso" objectivo não ter sido cumprido.
Qual terá sido a parte que eu não compreendi ?

domingo, 6 de janeiro de 2008

Má língua e crítica

Acabei agora mesmo de ouvir na televisão o Rui Zink dizer o seguinte:
"A diferença entre a má língua e a crítica é que a má língua é feita oralmente nas costas das pessoas e a crítica é escrita e assinada"

Extrassístolia


O senhor que está aí na fotografia escreveu um texto sobre extrassístoles bastante extenso e para ser lido por leigos, em medicina, como nós mas que explica bastante bem o que é esse "mal":
"podemos ter um batimento cardíaco "extra", que surge entre dois batimentos "normais" vindos do nódulo sinusal. Geralmente, estes estímulos "extra" provocam o que designamos de "sístole prematura" (habitualmente conhecida como "extrassístoles") designando exactamente o seu carácter "extra" em relação aos batimentos normais."
É desse "mal" que padeço. Nesta tarde de domingo em que deveria estudar direito económico e/ou filosofia do direito estou para aqui afligido com as malfadadas extrassístoles. Penso que tudo na mina vida fica subordinado a este mal estar.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Afinal há advogados a mais ?

Diz o Dr Marinho Pinto que há advogados a mais, ou seja acha o bastonário eleito que 1 advogado por 380 habitantes são muitos advogados. Não vou aqui contestar a opinião do Sr Dr, vou apenas tentar dedicar-me ao mesmo desporto que ele, ou seja torturar os numeros.
Torturemo-los que eles hão-de dizer seja o que for que nós quisermos.
Primeiro que tudo será bom ter em conta os seguintes dados. Mais de metade dos advogados exercem procuradoria ilícita porque não pagam quotas ou não têm quotas em dia (fonte - Dr Miguel Judice enquanto bastonário) e só os advogados com as quotas em dia podem exercer a advocacia. Isto coloca imediatamente a fasquia em metade. Não acredito que essas pessoas todas estejam a cometer o crime de procuradoria ilícita, provavelmente o que se passa é que deixaram de exercer advocacia e simplesmente deixaram de pagar quotas. Significa assim que já temos um numero mais perto do razoavel ou seja 760 habitantes por advogado. Depois dizem-nos as finanças que um advogado declara em média 70 Eur por mês de rendimento. O que, tendo em conta que essas pessoas têm que viver, resulta como conclusão lógica que exercem outra actividade profissional paralelamente. Fazendo umas contas generosas podemos dizer que quem aufere rendimentos mensais de 70 Eur apenas exerce a advocacia a .... digamos 30 % ... não ... sejamos mais generosos ... 50 % ! o que vai retirar ao universo de advogados 25 % ou seja teremos agora apenas 975 habitantes por advogado. O número já parece fazer sentido agora, acho eu. Ainda poderíamos retirar a este número, os notários, os advogados que trabalham para empresas de cobranças de créditos e etc etc etc mas não sejamos mesquinhos e fiquemo-nos por este número e passemos às outras profissões.
O Sr bastonário eleito acha que havendo 380 habitantes por advogado se deve restringir o acesso à profissão. Bom ... com todo o respeito pela opinião do Dr isso leva-me a procupar-me com as restantes profissões. Dei uma breve, brevíssima, olhada ao site do INE e verifiquei o seguinte descalabro:

21 habitantes por Quadros superiores da adm. pública, dirigentes e quadros superiores de empresa
23 habitantes por Especialistas das profissões intelectuais e científicas
23 habitantes por Técnicos e profissionais de nível intermédio
20 habitantes por Pessoal administrativo e similares
14 habitantes por Pessoal dos serviços e vendedores
18 habitantes por Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pesca
10 habitantes por Operários, artífices e trabalhadores similares
24 habitantes por Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem
16 habitantes por Trabalhadores não qualificados
351 habitantes por Forças armadas

Estou a ver que os unicos que ainda se safam são as forças armadas, mas mesmo assim ainda são menos habitantes que os proclamados 380 advogados de que fala o bastonário eleito.

Estou preocupado com este país, urge fazer uma ordem dos operários, artífices e trabalhadores similares - há imensos - 955800 - e cada 10 portugueses têm que suportar um. Isso é a minha família mais chegada. E nós somos pobres e não podemos sustentar um operário artífice e trabalhador similar. Além do que quem quiser ingressar nessa profissão vai estar tramado porque como há muitos não vai conseguir trabalho nem vai dignificar a profissão. Não concebo evidentemente que hajam profissões mais nobres que outras (exceptuando proxeneta ou contrabandista que não são propriamente profissões) todas as profissões têm a mesma dignidade (fonte - artº 13º da Constituição da República Portuguesa) pelo que a protecção que é devida aos operários deve ser exactamente a mesma que a dada aos advogados. É claro que só pode sê-lo quem souber. Ou seja, não podem as faculdades de direito lançar para a rua licenciados que não sejam capazes de ser advogados sob pena de cometerem um crime (pelo menos no domínio da moral) da mesma forma não podem os operários manobrar máquinas, que mal manobradas podem causar a morte, sem para isso estarem habilitados. Presume-se, sob pena de andarmos todos a brincar às faculdades, que só usam o título de profissional aqueles que realmente sabem sê-lo e tendo para isso um atestado válido (uma licenciatura, a experiência ou uma certificação profissional).

Em suma, acho que devemos todos tremer de pavor pelos números que o INE nos apresenta.

Ou então ..... e que tal cumprir os imperativos do tratado da união e deixar que a livre concorrência trate do assunto ? Os bons têm trabalho os menos bons têm menos trabalho. Não é o mercado um instrumento da liberdade ?

Eu bem digo que os números quando bem torturados dizem o que nós queremos. A verdade é que o cidadão que queira arranjar um advogado vê-se em palpos de aranha. Experimentem tentar arranjar um advogado sem recorrer a amizades .... Vão ver como é dificil.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Le desérteur

Boris Vian - Le déserteur

Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter

Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins

Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens:
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Pois que mais há-de salvar o mundo a não ser o amor ?

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 22 de setembro de 2007

O Iva, o fiambre, o queijo e as tostas mistas

Andam por aí os governantes a preocuparem-se com coisa comezinhas como o facto dos governantes africanos não respeitarem os direitos humanos e outras mariquices. Aqui em portugal porém, em qualquer supermercado o drama convive nas prateleiras com a iniquidade e ninguém se rala.
Hoje fui ao supermercado (não havia whisky nem leite cá em casa) e como sempre dediquei-me a tentar perceber como é que uma simples compra do destilado e do alimento para bezerros ter acabado num estrago da minha conta bancária de 100 Eur. Xiça ! 100 Eur são vinte contos ! Lá vou lendo a continha do supemercado ... mercearias líquidas, mercearias secas, PLS (o que será isso ?) enfim essas coisas e eis senão quando ... Oh horror ! Oh iniquidade ! deparo com a secção de charcutaria onde se referiam o queijo e o fiambre com que eu e a minha mulher (a bem dizer ela é que as faz) nos banqueteamos quando chegamos mais tarde a casa. Pois o fiambre paga 21 % de IVA e o queijo paga 5 % do maldito imposto. Ninguém põe cobro a esta escandaleira ? Andam aí preocupados com o novo codigo penal e com ninharias que não interessam a ninguém .... e a TOSTA MISTA !!!! Como podemos viver num país em que estes dois ingredientes pagam taxas de IVA tão díspares ?!?! Isto preocupa-me ... é preciso fazer alguma coisa. Afinal para que foi que fizemos o 25 d'Abril ? Aaaaaai !!!!!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

hora de almoço de três horas

Ovídio - Os amores, V: 1-1, 9-26

Era intenso o calor, passava do meio dia;
Estava eu em minha cama repousando.
(...) Eis que vem corina numa túnica ligeira,
Os cabelos lhe ocultando o alvo pescoço;
Assim entrava na alcova a formosa Semiramis,
Dizem, e Laís que amaram tantos homens.
Tirei-lhe a túnica, mas sem empenho de vencer:
Venceu-a, sem mágoa, a sua traição.
Ficou em pé, sem roupa, ali diante de meus olhos.
Em seu corpo não havia um só defeito.
Que ombros e que braços me foi dado ver, tocar!
Os belos seios, que doce comprimi-los!
Que ventre mais polido logo abaixo do peito!
Que primor de ancas, que juvenil a coxa!
Por que pormenorizar? Nada vi não louvável,
E lhe estreitei a nudez contra o meu corpo.
O resto, quem não sabe? Exaustos, repousamos.
Que outros meios-dias me sejam tão prósperos.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Segunda feira (onde é que eu já li isto ?)



Como é que uma pessoa consegue enfrentar uma segunda feira e o emprego depois de ter passado o fim de semana aqui ?

quarta-feira, 18 de julho de 2007

com esta é que vos arrumo a todos

"Não há fortuna que chegue ao miserável nem miséria que chegue ao desgovernado"

portugal é um matriarcado


Nós eramos sete pessoas. Três jovens e quatro adultos. Quatro machos e três fêmeas. Fomos passar um belo dia de verão na casa da praia onde haviam muitas tarefas para cumprir naquele jeito giro de fazer coisas quando se está na praia em que fazemos o que nos apetece quando nos apetece e enquanto nos apetece. De repente lá estavam as três mulheres na cozinha empenhadíssimas em diversas tarefas. Muito naturalmente juntaram-se lá a decidir a vida dos homens. Decidiram dos nossos horários da qualidade do que estávamos a fazer dos planos para esse dia e mais aquilo que eu nem imagino. Portugal é um matriarcado. E eu gosto.

que hei-de fazer .... isto revolta-me

Li no Diário de Notícias que a população prisional masculina é 98 % do total dos presos em Portugal. Num mundo em que se luta contra a desigualdade acho que é necessário por cobro a esta situação urgentemente. Não está certo. Exijo que se prendam tantas mulheres como homens. Aliás acho que devia de haver uma lei de quotas que obrigasse que (no mínimo) por cada 2,35 homens presos se deveria prender pelo menos uma mulher. Não está em causa a inocência das pessoas. Nós somos um país de moral cristã e na moral cristã toda a gente é culpada de alguma coisa. Ou .... como quase todas as mulheres são mães e as mães (únicas educadoras) lixaram as vidas dos portugueses quando os educaram. Prendam-nos por esse crime ou por outro qualquer mas prendam-nas. O que não está certo é os homens coitadinhos serem 98 % da população prisional isso não está certo.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

assistir a uma autopsia

E lá foram uns 20 ou 30 estudantes de direito (eu não pude ir) assistir a uma autópsia no âmbito da cadeira de medicina legal. Enfim, gente pouco preparada para o cenário tétrico que se avizinhava mas que se portou bem e com a dignidade que o assunto merecia, preocupados interessados e empenhados. Calhou que naquele dia também estava a assistir ao acto uma estudante de farmácia que fugiu da sala nem 5 minutos tinham passado desde que os patologistas tinham "atacado" de bisturi e serra electrica as entranhas do pobre defunto.
Pergunto-me do que é feito dquela coisa chamada vocação. Afinal a empregabilidade (um valor nobre é certo) é mais alto na escala das escolhas do que a circunstância de se passar a vida a fazer uma coisa de que não se gosta. Pessoalmente acho a profissão de médico uma coisa terrivelmente nojenta - andar a mexer no corpo das pessoas com todas as suas secreções e cheiros - e, tendo sido educado por uma médica, raramente encontro médicos e farmacêuticos que conheçam a máxima de que não há doenças há doentes. Já para não dizer que estas fornadas de médicos que vomitam nas autópsias da cadeira de medicina legal são apenas um bando de garotos malcriados. Quid Juris ?

segunda-feira, 9 de julho de 2007

... onde ninguém se quer entender


"A Torre de Babel é mencionada no livro bíblico do Gênesis como uma torre enorme construída pelos descendentes de Noé, com a finalidade de tocar os céus e adorar deuses falsos. Segundo a tradição, a torre nunca foi terminada devido à diversidade das línguas que ali se falavam." in Wikipedia.
Eu cá acho que enquanto não fizermos todos um esforço para nos entendermos viveremos sempre num edifício social inacabado.

mais uma segunda feira

Presumo que quando todos estão contra mim eu devo estar a fazer alguma coisa errada. Lembro-me de uma frase da Laurinda Alves (antes de se ter passado e defender que as mulheres que abortam deviam ir presas) "a maioria nem sempre tem razão, quase nunca tem razão, o maior exemplo disso são os apóstolos. Doze homens convenceram metade do mundo a regerem as suas vidas pela religião cristã." Penso muitas vezes se efectivamente estarei errado quando todos estão contra mim. Quase 50 anos de vida ensinaram-me que estive muitas vezes sozinho a defender opiniões que que hoje todos professam.

domingo, 8 de julho de 2007

Nunca são as coisas mais simples que aparecem quando as esperamos. O que é mais simples, como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se encontra no curso previsível da vida. Porém, se nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos nos empurrou para fora do caminho habitual, então as coisas são outras. Nada do que se espera transforma o que somos se não for isso: um desvio no olhar; ou a mão que se demora no teu ombro, forçando uma aproximação dos lábios. -
Nuno Júdice

sexta-feira, 6 de julho de 2007

este também tinha trambelhos de querer salvar o mundo



O autor deste retrato (Picasso) terá dito já nos seus 90 anos que quando tinha 6 anos era um grande pintor. E que tinha levado toda a vida a aprender a pintar como um menino de seis anos.

quinta-feira, 5 de julho de 2007


Nós éramos jovens e amantes de beber cerveja. Muita cerveja de preferência. Ainda me pergunto qual seria a graça de beber tanta cerveja e de lutar pela lucidez, mas tenho a certeza que nos divertíamos muito e que as relações que resultaram dessas noites de estroina foram fortes e duradouras. Aqui mesmo ao pé deste lindo prédio há uma grande cervejaria por onde se entra descendo três ou quatro degraus e cujas montras ostentam lavagantes e sapateiras que não estavam ao alcance das nossas bolsas. Alguém, no meio da barafunda e dos gritos típicos das cervejarias de Lisboa, dizia ao Rick – americano intranquilo de visita à nossa cidade – os defeitos dos portugueses e de Portugal. Aquilo tomou de assalto a nossa alma de portugueses e fizemos assim uma das amizades da nossa vida. O Rick nunca mais esqueceu Lisboa nem o palácio Lima Mayer.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

é bom morar em Lisboa

Melhor ainda é viver em lisboa. Num dia quente como o de hoje só apetece estar entre as sombras frondosas das majestosas árvores de Lisboa. Esta imagem é de uma avenida de Lisboa (a Conde Valbom). Uma calmaria onde apetece ficar "na mornaça" a sorver uma cervejinha numa das belas esplanadas. A avenida quase não tem trânsito e está-se ali muito bem.

terça-feira, 3 de julho de 2007

... com uma ajuda do aleixo (salvar o mundo)


eu não tenho vistas largas

nem grande sabedoria

mas dão-me as horas amargas

lições de filosofia

segunda-feira, 2 de julho de 2007

traduzido de Jacques Brell para a minha mulher com amor

O sol que nasce
E acaricia as estrelas
É Paris de dia
O Sena que se passeia
E guia os meus dedos
E é Paris todos os dias
O meu coração que para
Sobre o teu coração que sorri
E é Paris bom dia
E a tua mão na minha
Que já me diz que sim
E é Paris o amor
O primeiro encontro
Na Ilha São Luís
É Paris que começa
E o primeiro beijo
Roubado no jardim das tulherias
E é paris a sorte
E o primeiro beijo
Recebido num umbral
É Paris romance
E as nossas cabeças que se voltam
Olhando para Versalhes
É Paris a França

Dias que não esquecemos
E que se esquecem de nos ver
É Paris a esperança
Horas em que os nossos olhares
São um único olhar
É Paris um espelho
Nada a não ser ainda as noites
Que separam as nossas canções
É Paris boa tarde
E esse dia afinal
Em que já não dizes não
É Paris esta tarde
Um quarto um pouco triste
Onde o tempo para
É Paris nós dois
Um olhar que recebe
A ternura do mundo
É Paris os teus olhos
E esta lágrima que choro
Enquanto o digo
É Paris se tu quiseres
E saber que amanhã
Será como hoje
É Paris maravilha

Mas o fim da viagem
O fim da canção
É Paris cinzento
Último dia, última hora
Também a primeira lágrima
É Paris a chuva
Estes jardins visitados
Que já não têm o mesmo encanto
É Paris aborrecida
A estação onde aconteceu
O nosso último adeus
É Paris o fim
Longe da vista longe do coração
Expulso do paraíso
É Paris desgosto
Mas uma carta tua
Uma carta que diz sim
É Paris amanhã
Aldeias e cidades
Caminhos que trepidam
É Paris a caminho
E tu em Paris que me esperas
E tudo que recomeça
É Paris eu volto.

Sérgio godinho

tenho uma grande (eu acho grande) colecção de músicas (MP3) no disco do meu computador. Por vezes passeio pelo disco à procura de uma ou outra coisa que mexa comigo. Hoje dei por mim a ouvir "farto de voar" do Sérgio Godinho. Trata-se de uma música do álbum "Os sobreviventes" editado em 1973 ou 1975 não me lembro bem. Sei é que ouvia esse disco incessantemente nos idos de 1975 ali mesmo quando tinha 15 ou 16 anos. Ouvir esta música - assim sem anestesia nem nada - foi uma pancada forte. De repente fui transportado para o meu quarto de adolescente de 15 anos. Ali onde passei tantas horas às voltas com a música, com a poesia, com o corpo sempre a mudar, oprimido pela vida disparatada, desorganizada e irracional, que os meus pais me proporcionavam (coitados), com tantos sonhos enfim, com aquelas coisas todas que eu achava que a vida deveria ter e que eu iria conseguir. Afinal a vida deu isto - estes milhares de coisas que me aconteceram durante estes anos todos - e pelo caminho, Jesus ! a quantidade de coisas inesperadas que aconteceram pelo caminho. Sempre que o acaso me transporta 30 e tal anos para trás há uma dor profunda que se apodera de mim. Eu tenho uma vida boa hoje é verdade. Mas olhando para o que eu pensava de mim próprio em 1975 e naquilo que acreditava como sendo a maneira de salvar o mundo. Credo que dor tão funda que isto é. A única hipótese é conseguir encontrar-me com o menino que fui. Fazer aquilo que ideologicamente me parece certo. Salvar o mundo ...

domingo, 1 de julho de 2007

ora aqui está um mês novinho em folha

Todos os meses é a mesma coisa ..... temos um mês novinho em folha para usar. O que vamos nós fazer com este mês ? Eu acho que é uma grande responsabilidade a que nenhum de nós se pode furtar. É domingo e não me apetece escrever muito, mas deixo aqui o repto. O que é que estamos preparados para fazer ? (como dizia o sean connery ao Kevin Costner no filme sobre o Al Capone) Até onde seremos capazes de ir para alterar aquilo que nos incomoda ? Creio que o maior problema de cada um de nós são os outros. Mas do ponto de vista dos outros, os outros somos nós. Talvez possamos começar por mudar qualquer coisa. Talvez sejam coisas simples. Como disse uma vez o Almeida Santos "por favor preocupem-se !"

sábado, 30 de junho de 2007

a Luz morreu no dia 9 de março


Foi assim, como está nesta fotografia, que conheci a Luz Franco. Actriz do teatro nacional, dramaturga, escritora e encenadora. Deixou uma vasta obra escrita. Deu-se o acaso de toda essa obra estar agora em meu poder e de ter eu a tarefa de a compilar e dar à estampa aquilo que a estampa considerar digno de ser estampado. A Luz morreu cedo de mais (52 anos). Foi a Luz que me apresentou aquela que veio a tornar-se minha mulher. A Luz era tia (quase uma irmã porque tinham pouca diferença de idade) da minha mulher e foi por isso que também a acompanhei nos últimos momentos de vida. Tenho pena (até uma certa raiva) que todo aquele talento tenha sido desaproveitado. A Luz publicou uma peça, ganhou um prémio nesse ano e nunca mais publicou nada. Encenou uma peça, teve grandes elogios da crítica e nunca mais encenou nada. Toda a vida dela foi um pouco assim. Chegar ao topo e perder o interesse. Porém, manteve-se uma pessoa genial até ao fim. Mordaz e sarcástica com a eminência do seu próprio fim. Na verdade, viveu a vida como quis. Como ela própria me disse um dia "há pessoas que não têm capacidade de serem felizes" referindo-se a ela própria. Nesta tarefa que me veio para às mãos de ajudar a minha mulher a arrumar as coisas da Luz fiz uma viagem pela vida dela. Encontrei muitos vestígios de felicidade. Picos de uma vida cheia e com bocadinhos intensamente vividos. Infelizmente não acredito na vida depois da morte ... sinto por isso que com com a "falta da Luz" ficámos todos mais "às escuras". Até sempre ....

sexta-feira, 29 de junho de 2007

pois hoje é dia de fazer exame de processo penal

Vamos a ver o que dá. Gosto de pensar que este artigo se cumpre em Portugal. É direito constitucional aplicado e um meio poderoso para salvar o mundo. Porém, neste jardim d'Europa à beira mar plantado, a impunidade é a regra. A impunidade dos tribunais que não cumprem a lei, a impunidade dos arguidos, a impunidade dos advogados que não salvaguardam os interesses dos clientes e da justiça (coitadinha que anda tão torturada) e, por fim, a impunidade dos estudantes de direito que escrevem estas coisas em vez de estarem afincadamente a estudar agarradinhos aos livros a fazer cábulas. É uma injustiça, lá isso é, e tudo porque eu sou pequenino ..... (aka Calimero)
Métodos proibidos de prova
1 - São nulas, não podendo ser utilizadas, as provas obtidas mediante tortura, coacção ou, em geral, ofensa da integridade física ou moral das pessoas.
2 - São ofensivas da integridade física ou moral das pessoas as provas obtidas, mesmo que com consentimento delas, mediante:
a) Perturbação da liberdade de vontade ou de decisão através de maus tratos, ofensas corporais, administração de meios de qualquer natureza, hipnose ou utilização de meios cruéis ou enganosos;
b) Perturbação, por qualquer meio, da capacidade de memória ou de avaliação;
c) Utilização da força, fora dos casos e dos limites permitidos pela lei;
d) Ameaça com medida legalmente inadmissível e, bem assim, com denegação ou condicionamento da obtenção de benefício legalmente previsto;
e) Promessa de vantagem legalmente inadmissível.
3 - Ressalvados os casos previstos na lei, são igualmente nulas as provas obtidas mediante intromissão na vida privada, no domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações sem o consentimento do respectivo titular.
4 - Se o uso dos métodos de obtenção de provas previstos neste artigo constituir crime, podem aquelas ser utilizadas com o fim exclusivo de proceder contra os agentes do mesmo.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

"um dia foi a minha vez de ir a paris"




Como escreveu José de Almada Negreiros "um dia foi a minha vez de ir a Paris" Como as fotos espelham aí estou eu em 1976 com dezasseis aninhos e em 2006 (30 anos depois) com 46 anos no mesmíssimo sítio. A lindíssima torre construída, para o centenário do 14 de Julho, por Gustavo Eifell. Foram uns trinta anos miseráveis uma vez que nada fiz para salvar o mundo (estava mal aptetrechado já o sabeis) no entretanto visitei Paris muitas vezes e foi lá - foi também lá - que aprendi, como dizia o poeta que deu título a este post, como ser menino ou até como ser poeta. Debaixo da torre, com uma chuva murrinha a cair-nos em cima peguei na minha mulher ao colo num gesto poético e romântico e que os meus ossos de quarentão não previam. Devo ter dito umas poesias de cor, qualquer coisa como "Se adivinhasse onde moras em frente da tua porta olhando a tua janela veria passar as horas ... as minhas últimas horas numa extasiada emoção" acho que de Gomes Leas ou até talvez as belas palavras de Kipling "se podes conservar o bom senso e a calma num mundo a delirar para quem o louco és tu"
Foi assim que Paris - um dos poucos sítios do mundo que não necessitam de ser salvos - me foi dando lições de menino e de poeta artilhando-me para esta enormíssima tarefa de salvar o mundo. Alguma coisa mudou depois disso certamente. Em cada vez que o iceberg dá uma volta por ter derretido um bocadinho mais a paisagem muda. O mesmo sucede sempre que há um gesto romântico inusitado (foi-o pelo menos para os meus ossos) a paisagem muda e eu bato palmas.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

é ...... artiguinho difícil !!!

Artigo 812.º-ADispensa do despacho liminar
1 – Sem prejuízo do disposto no n.º 2, não tem lugar o despacho liminar nas execuções baseadas em:
a) Decisão judicial ou arbitral;
b) Requerimento de injunção no qual tenha sido aposta a fórmula executória;
c) Documento exarado ou autenticado por notário, ou documento particular com reconhecimento presencial da assinatura do devedor, desde que:
– o montante da dívida não exceda a alçada do tribunal da relação e seja apresentado documento comprovativo da interpelação do devedor, quando tal fosse necessário ao vencimento da obrigação;
– excedendo o montante da dívida a alçada do tribunal da relação, o exequente mostre ter exigido o cumprimento por notificação judicial avulsa;
d) Qualquer título de obrigação pecuniária vencida de montante não superior à alçada do tribunal da relação, desde que a penhora não recaia sobre bem imóvel, estabelecimento comercial, direito real menor que sobre eles incida ou quinhão em património que os inclua.
2 – Há, porém, sempre despacho liminar:
a) Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário, em que o exequente tenha requerido que a penhora seja efectuada sem prévia citação do executado;
b) No caso do n.º 2 do artigo 804.º.
3 – Nas execuções dispensadas de despacho liminar, o funcionário judicial deve suscitar a intervenção do juiz quando:
a) duvide da suficiência do título ou da interpelação ou notificação do devedor;
b) suspeite que se verifica uma das situações previstas nas alíneas b) e c) do n.º 2 e no n.º 4 do artigo 812.º;
c) pedida a execução de sentença arbitral, duvide de que o litígio pudesse ser cometido à decisão por árbitros, quer por estar submetido, por lei especial, exclusivamente a tribunal judicial ou a arbitragem necessária, quer por o direito litigioso não ser disponível pelo seu titular.

... e o mundo são as pessoas

Convenço-me afinal que as pessoas não gostam de ser tratadas com respeito. Todos os dias lido com gente que só reage bem à agressão e aos maus modos. Tinha jurado em tempo trazer sempre um sorriso no bolso para resolver quaquer problema. Lamentavelmente o poder de um sorriso é uma "arma" que não "fere" qualquer um. Ao que parece, nós, os que não tratamos tudo ao murro e ao pontapé, somos tomados por fracos. Já não sei que general romano dizia que o mundo não é dos mansos. O pobre do general terá tentado salvar o mundo, mas nesse tempo não existiam livros de direito nem forninhos para queimar incenso nem computadores nem blogues. Não era fácil ser general romano naqueles anos. Os livros de direito eram umas doze tábuas (enormes) e era uma trabalheira andar com aquilo às costas. Era preciso ter dotes de carpinteiro para ser advogado ou jurista. Hoje basta ser um crápula sem coração o que é facílimo e o que há mais nesse mundo que ando a salvar. Afinal quem é que escreveu o artº 812-A do Código civil ?

Afinal são quatro prateleiras


Estava eu a dizer quando me propus salvar o mundo que estava devidamente apetrechado com três prateleiras de livros de direito. Enganei-me. Afinal são quatro prateleiras. Reparem na prateleira de cima o livro dos códigos fiscais (IRS, IRC, benefícios fiscais e assim) e cá em baixo de tudo o Manual de Dto Comercial do Dr Pulpo Correia. Ora, com isto, esta livralhada toda, está o mundo muito mais perto de ser salvo. Como diria Fernando Pessoa quando o olhavam com desdém por estar a cair de bêbado. "Se vocês soubessem, se vocês soubessem ..."

Sto António


Casei-me no dia de Sto António (13 de Junho) feriado da cidade que me acolheu e que gosto de chamar "a minha cidade". Por isso eu e a minha mulher temos esta colecção. Sto António de Lisboa faz-me pensar - e praticar - que continuo a namorar com a minha mulher. Este mundo, pelo menos este, vai-se salvando.

Estes gajos tratam as pessoas como gado

No âmbito do processo de regulamentação do poder paternal em que litigo contra a mãe da minha filha depositei, em 2004, à ordem do tribunal, para que fosse entregue à minha filha cerca de 2000 eur de pensões de alimentos que me tinha recusado a pagar por não poder vê-la. Esperava e confiava que o tribunal fizesse a entrega do dinheirinho que me custou tanto a ganhar à minha filha a quem, em devido tempo, dei o ser. Enganava-me redondamente. Três anos volvidos o tribunal devolveu-me o dinheiro. "Lá acharam que não era justo o pagamento" Voltas para aqui e para ali afinal o tribunal enganou-se e entregou o valor ao executado (quem deve) em vez de o entregar ao exequente (o credor). Ainda pensei fazer queixa ao conselho superior da magistratura de tamanha incompetência. "Estes gajos tratam as pessoas como gado". Será por não me apetecer ter trabalho, será por laxismo de administrado, mas acho que não vou fazer mais nada. Entretanto devolvi a massinha ao tribunal e estou convicto que daqui a três anos mo hão-de devolver de novo. Por engano.


Hoje, dia 26 de Junho de 2007, os meus pais fariam, caso o meu pai ainda fosse vivo, 51 anos de casados. A minha irmã faz 42 anos de idade e passaram 4 dias desde que a minha filha Inês fez 9 anos. Eu fico aqui a descansar um bocadinho sentado neste barco em S. Martinho do Porto porque isto de salvar o mundo é, de facto, uma trabalheira. Vesti esta camiseta a dar com a cor do barco e escolhi o tema dos 51 anos do casamento dos meus pais como tema. Todos os dias acontecem coisas e os outros "que são o inferno" conspiram para que esta sucessão de eventos perca a devida importância. Os dias correm numa sucessão de acontecimentos que é preciso resolver e acabamos sempre por perder de vista o que é realmente importante. Afinal tudo se resume a uma pergunta: Para que servem aquelas rodinhas no barco que me serve de banco ?

Salvar o mundo parte I

Hoje decidi salvar o mundo. Que o mundo precisava de ser salvo já eu sabia desde os meus 15 aninhos. É certo que fiz grandes tentativas para o salvar nessa idade, mas com pouco sucesso. Mas hoje tudo é diferente. Tenho aqui em casa tudo o que necessito para salvar o mundo. A saber .... três prateleiras cheias de livros de direito, um forninho para queimar incenso e este computador onde escrevo. Julgo estar perfeitamente apetrechado para a arte de salvar o mundo. E a verdade (verdadinha) é que o mundo precisa urgentemente de ser salvo. À falta de gente mais competente para a função - até porque não conheço mais ninguém disposto a nmeter ombros a tamanha tarefa - voluntario-me eu e aqui vai disto. Tiranos do mundo tremei ! Aqui vou eu e seja o que Deus quiser.