quinta-feira, 28 de junho de 2007

"um dia foi a minha vez de ir a paris"




Como escreveu José de Almada Negreiros "um dia foi a minha vez de ir a Paris" Como as fotos espelham aí estou eu em 1976 com dezasseis aninhos e em 2006 (30 anos depois) com 46 anos no mesmíssimo sítio. A lindíssima torre construída, para o centenário do 14 de Julho, por Gustavo Eifell. Foram uns trinta anos miseráveis uma vez que nada fiz para salvar o mundo (estava mal aptetrechado já o sabeis) no entretanto visitei Paris muitas vezes e foi lá - foi também lá - que aprendi, como dizia o poeta que deu título a este post, como ser menino ou até como ser poeta. Debaixo da torre, com uma chuva murrinha a cair-nos em cima peguei na minha mulher ao colo num gesto poético e romântico e que os meus ossos de quarentão não previam. Devo ter dito umas poesias de cor, qualquer coisa como "Se adivinhasse onde moras em frente da tua porta olhando a tua janela veria passar as horas ... as minhas últimas horas numa extasiada emoção" acho que de Gomes Leas ou até talvez as belas palavras de Kipling "se podes conservar o bom senso e a calma num mundo a delirar para quem o louco és tu"
Foi assim que Paris - um dos poucos sítios do mundo que não necessitam de ser salvos - me foi dando lições de menino e de poeta artilhando-me para esta enormíssima tarefa de salvar o mundo. Alguma coisa mudou depois disso certamente. Em cada vez que o iceberg dá uma volta por ter derretido um bocadinho mais a paisagem muda. O mesmo sucede sempre que há um gesto romântico inusitado (foi-o pelo menos para os meus ossos) a paisagem muda e eu bato palmas.

1 comentário:

Lúcia Silva disse...

E quando será a minha vez de lá ir!?
:)