segunda-feira, 2 de julho de 2007

Sérgio godinho

tenho uma grande (eu acho grande) colecção de músicas (MP3) no disco do meu computador. Por vezes passeio pelo disco à procura de uma ou outra coisa que mexa comigo. Hoje dei por mim a ouvir "farto de voar" do Sérgio Godinho. Trata-se de uma música do álbum "Os sobreviventes" editado em 1973 ou 1975 não me lembro bem. Sei é que ouvia esse disco incessantemente nos idos de 1975 ali mesmo quando tinha 15 ou 16 anos. Ouvir esta música - assim sem anestesia nem nada - foi uma pancada forte. De repente fui transportado para o meu quarto de adolescente de 15 anos. Ali onde passei tantas horas às voltas com a música, com a poesia, com o corpo sempre a mudar, oprimido pela vida disparatada, desorganizada e irracional, que os meus pais me proporcionavam (coitados), com tantos sonhos enfim, com aquelas coisas todas que eu achava que a vida deveria ter e que eu iria conseguir. Afinal a vida deu isto - estes milhares de coisas que me aconteceram durante estes anos todos - e pelo caminho, Jesus ! a quantidade de coisas inesperadas que aconteceram pelo caminho. Sempre que o acaso me transporta 30 e tal anos para trás há uma dor profunda que se apodera de mim. Eu tenho uma vida boa hoje é verdade. Mas olhando para o que eu pensava de mim próprio em 1975 e naquilo que acreditava como sendo a maneira de salvar o mundo. Credo que dor tão funda que isto é. A única hipótese é conseguir encontrar-me com o menino que fui. Fazer aquilo que ideologicamente me parece certo. Salvar o mundo ...

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho que é por isso que por vezes escolho a dormência... quando se está cansado e sem capacidade para mais estoicismos, a dormência é uma dádiva. ~:/