quarta-feira, 11 de julho de 2007

assistir a uma autopsia

E lá foram uns 20 ou 30 estudantes de direito (eu não pude ir) assistir a uma autópsia no âmbito da cadeira de medicina legal. Enfim, gente pouco preparada para o cenário tétrico que se avizinhava mas que se portou bem e com a dignidade que o assunto merecia, preocupados interessados e empenhados. Calhou que naquele dia também estava a assistir ao acto uma estudante de farmácia que fugiu da sala nem 5 minutos tinham passado desde que os patologistas tinham "atacado" de bisturi e serra electrica as entranhas do pobre defunto.
Pergunto-me do que é feito dquela coisa chamada vocação. Afinal a empregabilidade (um valor nobre é certo) é mais alto na escala das escolhas do que a circunstância de se passar a vida a fazer uma coisa de que não se gosta. Pessoalmente acho a profissão de médico uma coisa terrivelmente nojenta - andar a mexer no corpo das pessoas com todas as suas secreções e cheiros - e, tendo sido educado por uma médica, raramente encontro médicos e farmacêuticos que conheçam a máxima de que não há doenças há doentes. Já para não dizer que estas fornadas de médicos que vomitam nas autópsias da cadeira de medicina legal são apenas um bando de garotos malcriados. Quid Juris ?

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns pelo blog e pela louvável luta para a salvação do universo, perdão, do mundo.
Bom, não sei se a estudante de farmácia terá obrigatoriamente que estar vocacionada para fazer ou assistir a autópsias. Parece-me dever ser mais direccionada para a área química do que propriamente aquela nojeira.
Engraçado que a "ternura dos quarenta", e a morte do meu pai, trouxeram-me á mente, infelizmente, reflexões e preocupações que nunca antes tivera sentido relativamente á morte mas também ao "post morten", e se há coisas que nem quero pensar é em ser autopsiado e depois enterrado para apodrecer.
Para a segunda parte há solução: crematório!... o pior é a primeira...

Castilho disse...

No outro dia conheci um puto, dos seus 17 anos, que estava a terminar o 12º ano. Perguntei-lhe qual o curso que pretendia fazer na universidade, a resposta foi "Farmácia". Um pouco atónito perguntei "Mas esse curso parece ser chato.. não preferias antes algo engenharia química ou sei lá genética??".

A resposta foi simples e directa,, como é geralmente o caso quando já se respondeu a mesma pergunta uma centena de vezes e mais significante pela entonação e postura do que pelas palavras, "A minha mãe é dona de uma farmácia."